solte balão na lei .............solte sem fogo
Baloeiro sim,"criminoso" nunca!!!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Nas Ruas do Brás

Neste seu primeiro livro infantil, o médico Drauzio Varella relembra histórias da sua infância, quando era um menino que brincava e brigava nas ruas do Brás. Algumas de suas experiências hoje soam estranhas, mas a maneira como o jovem Drauzio sentia as alegrias e tristezas o faz igualzinho aos meninos de agora.

Leia o que o autor se lembra sobre os acontecimentos da rua em que viveu na sua infância:

… Hoje os balões são proibidos porque provocam incêndios pavorosos, mas naquele tempo o céu de junho ficava salpicado com as luzes deles. Na chácara, caiam sem parar e na nossa imaginação infantil achávamos que eram atraídos pelo para raio da caixa d’água. Nessa ocasiões, a primeira providência a ser tomada era correr para soltar a Luca, uma pastora Alemã de latido grosso que barrava a molecada do bairro do lado de fora da cerca, enquanto um de nós agarrava o balão pela boca e apagava a tocha. Eram tantos que fazíamos rodízio entre os primos para pegá-los: NÃO CONHECI ALEGRIA MAIOR: PEGAR NAS MÃOS UM PRESENTE ILUMINADO QUE CAIU DO CÉU.
Fui tão fanático por balão que uma vez, depois de uma chuva forte, saí correndo atrás de um, sem calçar os sapatos, para não perder tempo. O balão caiu na rua Caetano Pinto, um dos redutos italianos do Brás, mas cheguei atrasado.
Então voltei com Arlindo, meu vizinho, e ia andando pela enxurrada que corria pelo meio fio quando ele reparou:
” Engraçado, quando pisa com o pé esquerdo a água fica vermelha!”
Um caco de vidro tinha feito um corte fundo na planta do pé, sem eu sentir. Tudo por causa da correria com os olhos fixos no céu…
Drauzio Varella
Nas Ruas do Brás. São Paulo
Companhia das letrinhas, 2000
Colaboração: Rafael – Arte Taqueada

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